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O lado negativo das mesas com esteira

Uma funcionária usa o sistema de mesa acoplada a esteira no escritório do Google em Mount­ain View, Califórnia (EUA)

Mesas de trabalho equipadas com esteira para caminhar estão começando a se tornar muito populares nos escritórios porque ajudam os funcionários que passam o dia todo sentados a se movimentarem mais, queimarem algumas calorias, além de melhorarem a saúde dos trabalhadores.

Há um volume cada vez maior de evidências científicas em torno dos benefícios de passar menos tempo sentado e se movimentar mais durante o dia. Um estudo apresentado no mês passado durante o encontro anual de 2015 do Colégio Americano de Medicina Esportiva, em San Diego, revelou que trabalhadores que costumavam ser sedentários e passaram a caminhar lentamente nas mesas com esteira durante um período de duas horas em cada jornada de trabalho por dois meses melhoraram significativamente sua pressão sanguínea e dormiram melhor durante a noite.

Por mais interessantes que as mesas com esteira sejam para quem deseja melhorar a saúde, elas precisam estar bem integradas ao espaço de trabalho, o que significa que ainda é preciso saber se elas não afetam negativamente a produtividade dos trabalhadores. Por incrível que pareça, poucas pesquisas analisaram se as mesas com esteira afetam a capacidade de realização das tarefas durante o expediente.

Um novo estudo aponta algumas preocupações em torno dos efeitos de caminhar no ambiente de trabalho, sugerindo que pode haver consequências negativas no uso de mesas com esteira, caso você precise digitar ou seu trabalho seja muito intelectual.

Publicado em abril na revista científica PLOS One, o estudo foi feito por pesquisadores da Universidade Brigham Young, em Provo, Utah. Eles recrutaram 75 homens e mulheres jovens e saudáveis e os dividiram aleatoriamente entre espaços de trabalho equipados com cadeiras ou com esteiras em frente a uma mesa com um computador.

A mesa com esteira foi programada para se movimentar a uma velocidade de 2,4 quilômetros por hora com zero de inclinação.

Nenhum dos participantes havia utilizado uma mesa com esteira anteriormente, de forma que eles receberam alguns minutos de treinamento. Os pesquisadores afirmam que os participantes já estavam familiarizados com o uso convencional das cadeiras.

Então, os voluntários tiveram que realizar uma série de testes de capacidade mental e manual.

As tarefas manuais eram bastante simples e consistiam no uso de um teclado para digitar palavras que apareciam na tela do computador da forma mais rápida e precisa possível, estivessem os voluntários sentados ou caminhando lentamente na esteira.

Os testes cognitivos eram um pouco mais difíceis e foram criados para mensurar os aspectos práticos da cognição, tais como a memória de trabalho, a memória tardia, e a capacidade de concentração, todas fundamentais para o trabalho no escritório. Em um desses testes, os voluntários tinham de decorar e mais tarde se lembrar de uma lista de palavras; em outro, os participantes precisavam organizar listas de números com as mãos e somá-los mentalmente enquanto novos números eram acrescentados à lista, o que provavelmente causava a mesma ansiedade de uma prova de matemática do ensino médio.

Os resultados da comparação entre os participantes que caminharam na esteira e os que se sentaram em suas mesas foram consideravelmente mais positivos para aqueles que ficaram sentados. As pessoas que caminharam durante os testes obtiveram resultados inferiores em quase todos os aspectos cognitivos, incluindo a capacidade de concentração e de memorização, quando comparados àqueles que estavam sentados.

Além disso, eles se saíram muito pior nos testes de digitação, com resultados muito mais lentos e com muito mais erros do que os do grupo que ficou sentado.

Essa queda na capacidade de digitação das pessoas que usam mesas com esteira não é nenhuma surpresa, afirmou Michael Larson, professor de psicologia e neurociência da BYU, responsável pelo estudo. "Você não está parado. Mesmo que a oscilação do corpo seja pequena, você está sempre se movimentando para perto e para longe do teclado. É como digitar enquanto rema", afirmou.

Mas os resultados cognitivos mais baixos entre os participantes que utilizaram as mesas com esteiras ao invés das mesas com cadeira foram inesperados, afirmou Larson. A maior parte dos estudos sobre os efeitos das atividades físicas sobre a capacidade cognitiva demonstram quem a movimentação melhora a cognição.

Larson notou que esses estudos geralmente se concentram nos efeitos cognitivos registrados após a atividade física, ao invés dos resultados obtidos durante a movimentação.

O pesquisador afirmou que o estudo atual dá indícios de que o uso das mesas com esteira consomem parte dos recursos cognitivos de alguns dos voluntários. Como eles devotaram uma parte da sua capacidade de pensamento para se manterem equilibrados na esteira, eles acabaram perdendo parte da capacidade de reflexão e memorização.

O estudo foi extremamente limitado para avaliar o desempenho de pessoas que utilizam mesas com esteira ou que permanecem sentadas durante o trabalho. Contudo, de acordo com Larson parece provável que se as pessoas utilizaram com frequência as mesas com esteira, elas acabem se acostumando com seus efeitos e melhorem a capacidade de caminhar, digitar e pensar simultaneamente.

Larson ainda destaca que o desempenho cognitivo dos voluntários que utilizaram as mesas com esteira "permaneceu dentro dos limites da normalidade em todos os testes", ainda que tenha sido um pouco pior que o dos voluntários que permaneceram sentados. Ninguém desaprendeu a contar. Eles só se saíram um pouco pior do que aqueles que estavam sentados.

Segundo Larson, quem está pensando em adotar uma mesa com esteira deve incluir um período de adaptação e levar em conta a possibilidade de uma queda na capacidade de digitar e até mesmo de pensar.

Mas mesmo com essas desvantagens, o pesquisador acredita que os benefícios das mesas com esteira provavelmente superam qualquer queda na produtividade e ele mesmo contou que está pensando em comprar uma.


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