Parkinson: Como Trabalhar Funcional com Segurança
O Parkinson é uma condição neurológica progressiva que desafia diariamente os profissionais que trabalham com movimento humano. Os sintomas motores — rigidez, tremor de repouso, bradicinesia e instabilidade postural — afetam diretamente a funcionalidade, a marcha e a autonomia.
E quando falamos em treinamento funcional, surgem dúvidas importantes: funciona para esse público? É seguro? Qual o momento certo de aplicar e como adaptar os estímulos?
A boa notícia é: sim, o exercício funcional é seguro e recomendado para pessoas com Parkinson, desde que seja individualizado, supervisionado e bem estruturado. E mais do que seguro, ele é uma ferramenta estratégica para preservar o máximo possível da independência funcional.
Entendendo o Parkinson Além da Neurofisiologia
Embora o Parkinson seja classificado como uma doença do sistema nervoso central, seu impacto vai muito além do cérebro. Ele compromete toda a organização do movimento e da percepção corporal.
✔ Diminuição da amplitude dos gestos
✔ Perda de automatismos motores (como o balanço de braços ao caminhar)
✔ Padrão de marcha em bloco (com passos curtos e base estreita)
✔ Quedas frequentes e dificuldade para responder a desequilíbrios
✔ Fadiga precoce e perda de força muscular
✔ Congelamento da marcha (freezing) em situações específicas
✔ Déficits cognitivos e lentidão no processamento de informações motoras
Essas alterações fazem com que o corpo do idoso com Parkinson precise reaprender a se mover com consciência e intenção. E é aí que o funcional bem aplicado se encaixa.
O que o Funcional Pode Oferecer no Parkinson?
O funcional trabalha gestos naturais, integrados e coordenados, que simulam as atividades do dia a dia. Essa abordagem é extremamente útil para quem tem Parkinson, pois:
✔ Estimula padrões motores mais amplos, combatendo a bradicinesia
✔ Trabalha equilíbrio reativo e antecipatório
✔ Fortalece musculaturas responsáveis pela estabilidade e marcha
✔ Promove plasticidade neural e reaprendizagem motora
✔ Oferece desafios cognitivo-motores (ação + tomada de decisão)
✔ Reforça a consciência corporal e melhora a autoeficácia
Além disso, os exercícios funcionais são variáveis, dinâmicos e motivadores, algo crucial para a adesão de quem lida com uma doença de curso progressivo.
Como Trabalhar com Segurança?
Antes de tudo, é essencial uma avaliação funcional detalhada, incluindo:
✔ Capacidade de iniciar e manter a marcha
✔ Presença de congelamento (freezing)
✔ Equilíbrio estático e dinâmico
✔ Tempo de reação
✔ Força de MMII
✔ Grau de rigidez e fadiga
Com esses dados em mãos, é possível montar sessões funcionais com segurança e progressão adequada.
Princípios-chave para um Funcional Seguro no Parkinson
✔ Trabalhe com ritmos e estímulos auditivos
Use comandos verbais e metronomos para ajudar no início e continuidade dos movimentos.
✔ Foque em amplitude e simetria dos gestos
Ex: grandes movimentos de braços durante a marcha, elevações amplas de joelhos, alcance consciente.
✔ Inclua deslocamentos multidirecionais
Marcha lateral, marcha para trás e mudanças de direção treinam a resposta a situações cotidianas.
✔ Evite movimentos complexos no pico dos sintomas
Prefira sessões nos horários em que a medicação antiparkinsoniana está em seu efeito máximo.
✔ Integre estímulos cognitivos durante os movimentos
Exercícios duais como caminhar enquanto nomeia frutas ou realiza cálculos simples ajudam na funcionalidade real.
✔ Inclua exercícios no solo e em pé, mas com apoio próximo
A instabilidade postural exige sempre supervisão, principalmente em treinos em unipodal ou com obstáculos.
Exemplos de Funcionais Aplicáveis no Parkinson
✔ Marcha com foco em cadência e balanço de braços
✔ Agachamento com controle e retorno lento (cadeira por perto)
✔ Transferência de peso com base segura
✔ Caminhada com cones (mudança de direção)
✔ Step-up com foco em postura ereta
✔ Alongamentos ativos com coordenação de braços e pernas
✔ Caminhada com estímulo sonoro (palmas, comandos rítmicos)
✔ Estímulos de dupla tarefa (motor + cognitivo)
O ideal é manter uma frequência de 2 a 3 sessões semanais, com duração entre 30 e 45 minutos, sempre respeitando a fadiga e os sinais clínicos.
Resultados que a Ciência Confirma
Estudos mostram que intervenções com exercício funcional melhoram a mobilidade, o equilíbrio e a capacidade de realizar AVDs em pessoas com Parkinson.
Um exemplo é o trabalho de Shen et al. (2020), que demonstrou que um programa funcional de 12 semanas resultou em:
✔ Redução do número de quedas
✔ Melhora no Timed Up and Go
✔ Aumento da amplitude dos passos
✔ Maior confiança na marcha e menor dependência funcional
Além disso, há ganhos emocionais: o idoso se sente mais seguro, útil, motivado e capaz.
O funcional, quando bem aplicado, não é perigoso — é necessário. Ele respeita o corpo que precisa se mover com consciência, intenção e apoio. Ele promove autonomia, trabalha o cérebro junto com o corpo, e devolve ao idoso algo fundamental: a capacidade de participar da vida com mais liberdade.
Como profissional, você não está apenas aplicando exercícios. Você está ajudando o cérebro a se reorganizar, a musculatura a se reequilibrar, e o paciente a resgatar sua funcionalidade.
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